19.10.07

Reflexão sobre a imortalidade

O seguinte texto foi retirado de um editorial de uma revista e da autoria de Carina Machado, do qual retirei o que achei mais importante:
"Todos, sem excepção, gostamos de nos achar únicos, indivíduos que transportamos, no mínimo, uma ínfima partícula jamais possível de substituir, mesmo após o nosso desaparecimento.
Aliás, nenhum de nós pensa que vai desaparecer, porque todos nós nos julgamos, ainda que inadvertida ou por mais meramente possível, imortais.
Globalmente, gostamos de considerar que deixamos espalhados sinais indeléveis e essenciais da nossa passagem pelos incontáveis cenários por onde nos movemos. De modo quase inconfessável, muitos de nós acreditamos no inestimável contributo que somos - inteiramente - para a evolução do universo.
Mais que querer, temos a necessidade de deixar marcas de nós, impressões inapagáveis e valorosas, e somos assim em todos os aspectos da nossa vida: pessoal, social, profissional...
O problema é que aparentemente optamos por reservar essa revelação do pequeno deus que temos em nós para aquilo que possam vir a ser momentos chave, e vamos adiando a nossa decisão, olvidando e muitas vezes ignorando ostensivamente que, ainda que não o queiramos, estamos, efectivamente, a deixar um rastro de marcas, incontroladas e, logo, parte delas sem relação com a imagem que pretendíamos fosse construída de nós próprios.
A crer na Teoria do Caos, se o simples bater das asas de uma borboleta pode desencadear um tufão no outro lado do globo terrestre, com contornos de autêntica hecatombe, então também as nossas acções e comportamentos podem assumir proporções que não havíamos previsto.
(...)"

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